A fonte secou

Publicado por Rui Sá Silva Barros

Os governos negam, mas racionamento de água e apagões estão no horizonte. Na agropecuária e indústria significam inflação nos alimentos, falências, desemprego, greves e passeatas. Nos lares tumultos, preço da água mineral nas alturas, ambulantes vendendo água colhida não se sabe onde e criminosos à vontade. Este cenário é provável? Olhando o mapa de ingresso do Sol em Áries, sim.

 Ingresso do Sol em Áries em 2015 Calculado para Brasília, 20 de março de 2015, 9h 45min

Ingresso do Sol em Áries em 2015
Calculado para Brasília, 20 de março de 2015, 9h 45min

No dia anterior ocorrerá um eclipse solar total e duas semanas depois um lunar total com o Sol próximo a Urano. Se calculado para São Paulo o Ascendente será Escorpião o que enfatiza a explosiva conjunção Marte/Urano. Os 4 planetas em Áries na casa 6 (trabalho, saúde, organização e crises) estão em trânsito na casa 2 (produção e PIB) do mapa natal do Brasil. Saturno retrógrado na casa 2 reforça o quadro de penúria e complicação, embora amenizado pelo trino que o planeta dos anéis faz aos luminares e Vênus domiciliada contribui também. A Lua (regendo o Mc, executivo) faz um trino a Júpiter no setor legislativo (casa 11) prometendo que diante da crise os poderes possam trabalhar junto. Mercúrio regendo as casas 9 e 12 e conjunto a Netuno em Peixes promete confusão nestes setores (Judiciário e ações ilegais). Além disto, Marte no céu passa por Plutão natal em fevereiro, por Saturno em abril e Lua/Júpiter em maio. Há bastante irritação no ar, também pudera, os especialistas estão alertando para estes problemas há dois anos pelo menos. Com otimismo a crise poderá alterar velhos hábitos e procedimentos: perder 30% de água no transporte por velhas tubulações, uso excessivo e descuidado em casa etc. É surpreendente ver esta estiagem num país que possui 12% do total de água doce do planeta.

Petrobrás — Os grandes atores do esquema são os partidos e as empreiteiras, mas o Judiciário optou por processar as pessoas que operaram o esquema, é o procedimento mais seguro tecnicamente, as acusações são mais sólidas no caso. Nas próximas semanas o noticiário estará ocupado com os políticos listados nas investigações. Se elas foram bem conduzidas e as evidências apresentadas coerentes, eles serão processados e incriminados, o julgamento do mensalão criou um precedente incontornável. Há algo pior: as consequências econômicas para a empresa e fornecedoras. O noticiário é reticente, de vez em quando sai uma notícia e o governo federal está atônito. O desabamento do preço das ações é o de menos, a dívida é alta, a capacidade de investir já encolheu, alguns pagamentos estão atrasados; as fornecedoras já demitiram e algumas empreiteiras têm dificuldades de levantar crédito. A nova diretoria terá um trabalho duro pela frente. A Petrobrás foi fundada numa conjunção Saturno/Netuno, e está em apuros com a atual quadratura no céu. Este quadro agrava a precariedade econômica descrita acima, é possível uma pequena recessão em 2015 e talvez o superávit de Levy fique para o ano que vem, pois o governo deve fazer mais dívida pública para as emergências que se aproximam.

Congresso — O governo já estava sob fogo amigo desde o ano passado, com a escolha do atual ministério a coisa azedou, PT e PMDB detestaram o resultado. A eleição de Eduardo Cunha culminou o desamor e prenuncia disputas rudes, mas o mapa acima assinala um entendimento possível diante de calamidades. Agora para apaziguar as coisas, o governo precisa distribuir postos no segundo e terceiro escalões para contentar os rebelados, o que significa mais negócios à vista. A condução política da eleição foi um desastre político e seria melhor colocar no posto das Relações Institucionais algum deputado mais experiente, a presidente é uma burocrata de carreira e não muito afeita à política. Já começam a aparecer no noticiário, jornalistas anunciando um impeachment e o ilustre Ives Gandra escreveu um artigo (a peso de ouro) justificando a iniciativa juridicamente. É improvável, diante do caos instalado, trocar Dilma por Temer, tanto via Legislativo como no Judiciário, seria preciso pôr gente nas ruas, o que é difícil para a oposição. Enquanto isto os congressistas aumentam os vencimentos e trocam insultos por cargos nas mesas e comissões, como se não estivesse acontecendo nada no país. Renan e Cunha pode constar na lista a ser divulgada pela promotoria ao STF, mais lenha na fogueira por conflitos de jurisdição: quem pode julgar quem.

Em 1932 formou-se uma quadratura entre Urano (Áries) e Plutão (Câncer) que se desfez em 34, no ano seguinte o governo Vargas patrocinou uma Lei de Segurança, para combatê-la nasceu a Aliança Libertadora Nacional que ganhou as ruas e foi fechada em meses, no final do ano o PCB tentou uma quartelada. Resultado da brincadeira: milhares foram presos, centenas torturados e o estado de guerra implantado a caminho da ditadura em 37. A conjuntura é outra, mas fica o lembrete: às vezes o efeito total do trânsito aparece quando se desfaz. É uma oportunidade de ouro para acabar com algumas mazelas brasileiras.

Europa, Islã e Grécia

Urano e Plutão começam a fustigar a União que está paralisada em vários aspectos, dois deles agudos no momento: o que fazer com os 20 milhões de mulçumanos (4% da população total) e com a própria União, ir adiante na centralização ou voltar atrás para os velhos estados? As duas questões são independentes, mas a crise econômica e os atentados jihadistas conectaram-nas. Os banqueiros emprestaram dinheiro a rodo e foram à breca, socorridos pelos governos que passaram a conta para a população na forma de desemprego e cortes de salários e benefícios. Segundo muitos europeus, isto é culpa dos mulçumanos e pesquisa recente apontou que metade dos entrevistados na França, Alemanha e Inglaterra acha que o Islã é incompatível com a Europa. Neste caso é melhor repatriar os mulçumanos antes que alguém pense em solução final. Li muito a respeito e destaco dois comentários de mestres do humor involuntário: o jihadismo não tem nada a ver com o colonialismo (certamente, é uma guerra contra marcianos) e os mulçumanos deviam largar o Islã e abraçar o Iluminismo, também muito atinado, pois o fast food, a coca-cola e o mercado de derivativos fazem o auge da civilização.

Políticos puxam passeata em Paris Ilustração do www.middleeastnewsservice.com - 2015/01/1
Políticos puxam passeata em Paris.
www.middleeastnewsservice.com

Os atentados jihadistas provocam mais islamofobia, num círculo vicioso fatal. Recentemente a Frente Nacional da Le Pen ganhou a eleição num distrito francês. Crescem o nacionalismo e a xenofobia e a União dá um passo atrás. A recente eleição na Grécia também polarizou a questão com a vitória do Syriza, apresentado como de extrema esquerda. Na verdade, o partido quer continuar no Euro e na União, mas acha que a dívida é insustentável (175% do PIB) e a miséria está acachapante, no que tem razão. Os alemães batem o pé no acordo draconiano em andamento, olhando para outros países que querem renegociação também. A expulsão dos gregos causaria um belo tumulto numa hora que o BC europeu pretende despejar mais de 1 trilhão para banqueiros investirem em ações e derivativos, por que não resevar parte da benesse aos gregos? Os espanhóis estão na fila com eleições no final do ano e o Podemos crescendo.

Se os dirigentes em Bruxelas deixarem o barco correr podemos ver o euro e a União reduzidos a meia dúzia de países. Os atentados são nutridos pelas guerras contínuas no Oriente Médio e nada indica um fim neste pesadelo. Depois do atentado que vitimou os humoristas do Charlie Hebdo , houve grande comoção, os políticos fizeram juras aos mulçumanos europeus e decidiram patrulhar melhor as entradas e saídas. Enquanto isto o Estado Islâmico escala a barbárie filmando e divulgando a fogueira na jaula de um jordaniano. Os políticos ocidentais foram em massa ao funeral do rei saudita, que patrocinou uma porção de madrasas que incentivam a jihad, petróleo é mais importante que terrorismo? O mapa da União Européia mostra o Sol, Mercúrio e Saturno em Aquário; Júpiter está em oposição no céu e Marte percorreu o signo em janeiro.

De resto — A Rússia vai entrar em recessão, mas Putin acha que nãopode largar os ucranianos rebeldes na mão e a questão vai deslizando para uma guerra civil, às vezes morna, noutras quente. Os europeus decidem ampliar as sanções econômicas contra os russos, mas o Syriza é contra, pois está em pauta a construção de um gasoduto do Mar Cáspio pela Turquia até a Grécia, o que facilitaria a vida dos gregos. A Argentina fez um acordo com os chineses no ano passado que é um verdadeiro arrendamento em detrimento do Brasil, agora a crise alcançou a política com a morte do promotor que investigava o atentado terrorista contra o Centro Judaico em 1994. Bibi foi a Paris apesar de não ter sido convidado, convidou a comunidade judaica francesa (500 mil pessoas) a mudar para Israel, lugar tranquilo e seguro; foi uma desfeita terrível com as autoridades gaulesas. Se 500 mil ingressarem em Israel, os palestinos vão parar nos desertos jordanianos. A abertura nas relações diplomáticas entre EUA e Cuba parece promissora para os cubanos, agora eles precisam tomar cuidado para não cair no destino caribenho: paraísos fiscais, cassinos, turismo sexual e passagem de drogas para os EUA. Apesar de um Congresso hostil, Obama tenta deixar marcas de seu mandato e pavimentar o caminho para algum democrata nas próximas eleições.

Reunião em Havana entre americanos e cubanos Ilustração do www.estadao.com.br
Reunião em Havana entre Americanos e Cubanos.
www.estadao.com.br

Nota sobre Astrologia Mundial: a qualificação do tempo

Depois de seis anos publicando as crônicas é tempo de alinhavar algumas observações. É consenso na historiografia econômica que a decolagem (take off, Rostow) da economia industrial ocorreu na década de 1780. Nela ocorreram aspectos planetários importantes: Saturno oposto a Urano em 29 de Sagitário e Gêmeos, Júpiter conjunção Saturno em 28 de Sagitário, ambos em 1782, Júpiter conjunção Plutão a 9 de Aquário em 1784, Saturno conjunção Plutão em 12 de Aquário em 86 e Júpiter conjunção Urano a 3 de Leão em 1789, o que é uma marca da Revolução política na França. Esta dança planetária não justifica a grande transformação que foi a Revolução Industrial, pois estes mesmos aspectos já tinham ocorrido milhões de vezes no passado. Esperar que da repetição do mesmo possa sair algo diferente, é uma metodologia um tiquinho lunática.

Precisamos uma referência de tempo maior que os 480 anos das conjunções de Netuno/Plutão. Recorrendo à precessão dos equinócios temos: o ponto vernal, que marca o início da primavera no Norte, demora 720 anos para percorrer um decanato em sentido retrógrado, 2.160 anos para percorrer um signo e 25.920 para dar a volta completa no zodíaco. A maioria dos astrólogos védicos trabalha com o ponto vernal a 6 de Peixes atualmente. A história humana conhecida (ainda desconhecemos muita coisa) passou por 4 grandes transformações naturais:

40 mil anos: capacidade de simbolizar — Arte rupestre mais antiga encontrada na Indonésia, mas generalizada nos continentes. Símbolos e traços de marca temporal em ossos e depois estatuetas de barro, pequenas bijuterias, túmulos com utensílios; tudo isto já presente entre os caçadores e coletores. Esta data ultrapassa a presente precessão.

Pintura rupestre Ilunstração no www.teo.teoloblog.com
Pintura rupestre
www.teo.teoloblog.com

10 mil anos: revolução neolítica — Agricultura e domesticação de animais, tecelagem, cestaria, olaria, metalurgia, barcos a vela, comércio de longa distância. Aparece quase simultaneamente na Mesopotâmia, Egito, Índia e China e pouco depois no continente americano. Considerando que o ponto vernal está a 6 de Peixes, ele estava a 25 de Câncer na época.

5 mil anos: revolução urbana — texto Surge o estado, a escrita, os templos e sacerdotes, as cidades muradas, os exércitos e as guerras, as ciências, a arquitetura monumental, a legislação, a propriedade privada. Durante todo o tempo as formas de energia foram: músculos de homens e animais, fogo, água corrente e vento. O ponto vernal estava a 15 de Touro e é por esta razão que o boi foi tão representado visualmente e na mitologia da época.

230 anos atrás: revolução industrial — A população humana cresceu 7 vezes, entrou numa fase de urbanização acelerada, usou o conhecimento científico para aperfeiçoar máquinas e criou novas. O planeta está todo conectado e a produção industrial poluiu e provocou lixo difícil de descartar. A produção agropecuária também foi industrializada e é suficiente para a atual população, mas ainda existem desnutrição e fome por conta da distribuição de renda. As armas de destruição em massa nos acompanham e inquietam, os conflitos sociais e entre países ainda estão presentes. Teve início com o ponto vernal ingressando no primeiro decanato de Peixes, signo de síntese e dissolução.

Isto tudo está correto, mas não resolve nosso problema, já ocorreram muitas precessões e 26 mil anos atrás os caçadores estavam melhorando suas flechas, lanças e tintas, não é uma transformação profunda. Nosso problema é: como processos cíclicos repetidos podem gerar transformações? O termo espix’ral evolutiva é só uma imagem visual que preenche nossa ignorância sobre o mecanismo operante. O tempo não é só quantitativo, mas qualitativo, diziam as antigas cosmologias. Um eco disto pode ser encontrado nas modernas doutrinas teosóficas e antroposóficas, e completamente exposto na doutrina védica, onde eras cósmicas são regidas por diferentes Manus, conhecemos seus nomes, o que significa que cada era tem uma qualidade distinta, singular. Nada sabemos de concreto sobre isto, o material védico é extremamente simbólico. Na doutrina cabalística judaica cada 7 mil anos é regido por uma das sefirots inferiores abarcando 49 mil anos e um jubileu de mil. Uma qualidade singular é estampada num período de tempo, como na doutrina cristã: criação, queda, dilúvio, eleição do povo judaico, vinda de Jesus, apocalipse, juízo final, vida paradisíaca.

O Manu Vaivasvata Ilustração no www.portalarcoiris.ning.com
O Manu Vaivasvata
www.portalarcoiris.ning.com

Sobre os últimos 10 mil anos, podemos afirmar com segurança que houve uma profunda imersão no mundo sensorial que foi e é explorado detalhadamente, desenvolvimento da capacidade analítica, divisão e especialização no trabalho, criação de grupos políticos e sociais cada vez mais vastos (a União Europeia e os blocos regionais ainda em andamento). Em compensação ocorreu embotamento de capacidades psíquicas, quase ninguém entende o que é espiritual, as rivalidades cresceram bastante, muitos saberes foram perdidos etc. Como toda era, esta também terá um fim. Isto nos ajuda a entender por que duas guerras começaram com aspectos harmônicos: a primeira com trino Júpiter/Saturno e a Segunda com um trino Urano/Netuno. Os aspectos harmônicos facilitam, mas é necessário saber o que, nestes casos facilitaram a destruição.

A partir da qualificação, a precessão e os aspectos planetários sinalizam o detalhamento e o andamento dos processos em cursos. Muitas pesquisas podem ser feitas, p. ex. localizar a posição das estrelas fixas em relação a uma posição qualquer do ponto vernal. No final deste século ele estará bem próximo a grande estrela Fomalhaut, o que é bem importante. Mês que vem vamos ver o que se pode concluir da repetição de um ciclo planetário.

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