Publicado por Giancarlo Kind Schmid

O tarô, como instrumento simbólico, necessita ter seus arcanos situados através dos planos das perguntas (físico, mental, emocional e espiritual) e métodos sugeridos para indicar algumas situações. No caso dos Arcanos Maiores essa dica passa a ter maior peso, pois mesmo que um arcano faça um apontamento simbólico de forma mais explícita para uma determinada área (como exemplo o arcano 06 “Os Enamorados” que expõe imageticamente uma situação amorosa ou de relacionamento), não está atrelado exclusivamente ao assunto, permitindo desdobrar-se em outros setores quando interpretado (voltando aos “Enamorados”, o arcano não se limitará a falar de amor lido em questões profissionais ou financeiras, por exemplo). É importante ressaltar tais informações, pois o tarô não é um código simbólico que se encerra em si, possui uma abrangência de interpretações e agrega informações diversas que ganham colorido de acordo com as combinações dos arcanos entre si, métodos e o tipo de pergunta.

Podemos até estabelecer uma linha de interpretação, digamos, mais “condicionada” quando falamos dos Arcanos Menores. Necessário ressaltar que também me baseio num modelo de leitura oriunda da escola inglesa (Rider Waite) para realizar a decodificação. Diferente dos Maiores, esse grupo de arcanos obedece um modelo de interpretações mais fixado, pois os naipes estão em correspondência com um plano (Ouros = físico ou material; Espadas = mental ou racional; Copas = emocional ou sentimental; Paus = espiritual ou intuitivo). Isso também não significa que o arcano X sempre dirá respeito a um tipo de situação. Ele se desdobrará também de acordo com a questão enunciada (plano da pergunta), método e combinações.

De forma geral, no grupo dos Maiores, alguns arcanos tem um peso especial em determinados assuntos. No tema “amor” os arcanos “A Imperatriz” (afetividade), “Os Enamorados” (intimidade), “A Força” (atração), “ O Diabo” (paixão), “O Sol” (sintonia) e “O Mundo” (integração) podem simbolizar níveis diferentes dentro do relacionamento a dois. Claro, outros arcanos farão apontamentos diversos, levando também em consideração a durabilidade, intensidade e grau de envolvimento entre as partes.

A leitura e o tema

No caso dos Menores, a temática do amor é acompanhada através do naipe de Copas, indicando os sucessos e fracassos amorosos nossos. Apenas dando um exemplo, o “Ás de Copas” indica amor sincero, o “2 de Copas” representa vinculamento afetivo e o “10 de Copas”, estabelecimento familiar.

Quanto ao tema “trabalho”, é um pouco mais complexo. Pela indicação simbólica, os arcanos “O Mago” (atividade), “O Imperador” (administração) e “a Morte” (laboriosidade) por exemplo, podem representar produtividade no plano material. Mas, não para por aí: como dito acima, de acordo com as combinações com outros arcanos e métodos utilizados, os Maiores ganham uma dimensão de significados, há arcanos voltados mais para trabalhos físicos, outros mais mentais (intelectuais). Há ainda as relações de atividades profissionais com cada arcano em si. E a qualidade profissional, tempo de serviço e remuneração podem também ser devidamente acompanhadas através das lâminas.

O mesmo vale para o campo financeiro: o “Imperador” é um arcano muito material, mas não podemos deixar de lado as várias leituras possíveis através dos outros arcanos (a citar, “A Sacerdotisa” e “O Eremita” indicam economia e reservas financeiras; “O Mago” indica negócios e investimentos; “O Pendurado” prejuízos ou renúncias materiais, tudo lido de acordo com a pergunta, as casas dos métodos, combinações e natureza dos arcanos). O naipe de Ouros, no caso dos Menores, está mais de acordo com as questões materiais. O “03 de Ouros” (trabalho em equipe) e o “08 de Ouros” (trabalho independente) se apresentam como indicadores profissionais mais explícitos. Já o “Ás de Ouros” assim como o “10 de Ouros” são símbolos de bonança material, opondo-se ao “05 de Ouros”, indicador de escassez.

Já o tema “sorte” é um tanto quanto abstrato. A “Roda da Fortuna” é conhecida por sua natureza instável, cuja figura originalmente fazia apontamento para o assunto (a deusa romana “Fortuna” que presidia o destino e a sorte humana). Também é um pouco mais complicado, pois “sorte” está vinculada à idéia de casualidade. Desta forma, podemos até adentrar em assuntos como “merecimento espiritual”, “carma” e “auto confiança”. Sou um pouco relutante ao tratar do assunto, pois não creio em sorte, assim como não creio que há arcanos inteiramente positivos ou negativos.

Aqueles que me conhecem, sabem que dou mais importância ao uso do tarô como instrumento para o autoconhecimento e a superação pessoal. Deste modo, vejo os arcanos nos vários setores de vida como indicadores, como sinalizadores de tendências, nunca efetivamente como informações estáticas. O tarô é plural em sua natureza e é impossível estabelecermos interpretações definitivas, uma vez que o universo simbólico se expande e atribuímos novos significados às lâminas todos os dias.

Deixe um comentário