Encontramos uma variedade sem limites, ao longo dos séculos, para os mais inesperados usos das 78 cartas do Tarô, tanto do conjunto completo quanto de suas partições.
Desde o século 14, pintados à mão por artistas muito bem pagos, os jogos de cartas eram destinados ao lazer de nobres e poderosos daqueles tempos.
As cartas também estão incluídas na bagagem de artistas e mágicos profissionais, de animadores de festas particulares, apresentadores nos teatros e praças públicas.

Os registros históricos da utilização do Tarô na cartomancia são posteriores ao século 15. As técnicas de impressão eram artesanais, muito trabalhosas, o que dificultava uma difusão mais ampla das cartas. À medida que os processos gráficos foram se aperfeiçoando – e há menções de que a demanda pelo Tarô foi um forte estímulo para isso – sua difusão cresceu. Ficou ao alcance de um maior número de pessoas, inclusive nômades, ciganos e andarilhos que circulavam então por toda Europa, contribuindo para a difusão da cartomancia.
Em outros termos, o Tarô, além do lazer, entrava e continua a entrar no rol de fonte de sobrevivência para artesões e impressores, para cartomantes, tanto os sérios quanto os enganadores, para professores de linguagens simbólicas, gravuristas, desenhistas, pintores, joalheiros…

A cartomancia, associada à vidência, constitui uma atividade profissional disseminada pelo mundo todo, tanto em consultórios profissionais, como em espaços residenciais e praças públicas. Os meios de realização das consultas ultrapassaram o telefone e se instalaram definitivamente na Internet.
Os artistas plásticos, desenhistas e pintores, tiveram um papel importante na multiplicação dos baralhos, mais ou menos fiéis aos padrões originais, mais ou menos reinventados ou distorcidos. Existem hoje no mercado editorial milhares de jogos e variações de baralhos, de tarôs, movimentando um apreciável volume de dinheiro, principalmente no hemisfério norte.

Apenas a partir do final do século 18 começaram a aparecer estudos valorizando o Tarô como uma linguagem simbólica que encerra conhecimentos de ordem superior. Desde então, multiplicaram-se as publicações de natureza esotérica sobre o conjunto das cartas e, ao mesmo tempo, as obras populares de cartomancia. Além disso, importantes estudos iconográficos, patrocinados por instituições européias, tiveram o Tarô como tema.
Na Europa e nas Américas existem muitos psicólogos e terapeutas familiarizados com o alcance simbólico do Tarô e o aplicam como recurso projetivo em suas sessões de trabalho.
As cartas são utilizadas por educadores em diferentes modalidades de jogos como recurso para desenvolver a atenção, o raciocínio e a sociabilidade.
Finalmente, podemos citar todos aqueles que se aproximam do Tarô com uma curiosidade imprecisa, porém interessada em descobrir o que existe nesse maravilhoso mundo simbólico.
Pelo balanço que acabamos de fazer, falar em “aplicações” do Tarot significa abrir um leque de incontáveis interesses e graus de profundidade, envolvendo muitos aspectos da existência e do conhecimento humano. Um verdadeiro bazar com produtos e serviços para todos os gostos e para todos os níveis de compreensão.
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