O mundo passa por um momento conturbado. Em muitos lugares os valores estão sendo revistos e, ao mesmo tempo (ou por isso mesmo), o conservadorismo ganha força. No Brasil não seria diferente. Estamos num momento crítico, o que torna o processo de eleição deste ano um marco decisivo.
Embora aparentemente existam inúmeras vertentes de pensamento, na verdade aos poucos vamos nos dividindo entre os que querem mudanças e os que preferem a manutenção de pontos de vista tradicionais. Mudar valores ou perceber que prefere manter os já existentes é, de qualquer forma, um questionamento saudável. O problema está em que a forma maniqueísta de pensar leva a uma divisão que fomenta o radicalismo e a intolerância – de todos os lados. E é fundamental questionar a quem essa divisão realmente serve.

Para mim, 2018 é um ano onde a Lua é a proposição de superação que a vida nos coloca, pessoal e coletivamente. Uma Lua bem elaborada nos leva a perceber o escuro que há em todos nós, o que nos incita à conexão e à compassividade. Porém, o arcano XVIII é uma das cartas mais difíceis do caminho individual, pelo medo instintivo que evoca. Diante dela, a tendência é o recuo ou o transbordamento emocional. Qualquer dessas reações estimula o oposto do seu luminar, gerando desentendimentos fáceis, superficialidade nas opiniões, sentimentos mesquinhos como o ódio, a inveja e, claro, o fanatismo que advém do arrebatamento egocêntrico. As escolhas políticas decorrentes desse estado negativo, evidente, fatalmente refletirão isso tudo.
Em ano com tônica lunar, enxergar bem é o desafio. 2018, a meu ver, nos coloca diante de um reflorescimento que só ocorrerá se trabalharmos a profundidade – no olhar, na auto percepção, no cuidado durante as interações e, em especial, na compreensão existencial do que nos iguala na base, como seres humanos.
O que está fora é sempre reflexo do que vai por dentro do ser. Precisamos compreender que, ao votar, não escolhemos dirigentes; escolhemos, antes, representantes. Os políticos que elegemos espelham quem somos e como somos. Particularmente, penso que a pergunta crucial que devemos nos fazer, neste momento, é: “E então, quem realmente sou?”, pois é isso que realmente definirá o que seremos como nação nos próximos anos.
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