Pedro Tineo é um artista plástico venezuelano, que utiliza diferentes técnicas e recursos em seus trabalhos. Um exemplo de sua expressão criativa é a instalação montada em seu próprio ateliê, em 2014, sobre a Morte:
O próprio artista oferece algumas indicações:
“Trata-se da representação do esqueleto numa paisagem de asfalto. Neste momento, de fato, estou residindo proximo a Guanoco o maior lago asfáltico do mundo! Nele se faz escavações antropológicas, que me levaram a imaginar o encontro de um esqueleto. E pensando que sua morte foi digna, sem violência ou ocorrências terríveis, tive a inspiração para criar esse cenário”.
“Foi um pretexto para comunicar, denunciar e tocar num tema coletivo como é o caso do lixo enquanto rastro humano, testemunho cultural e social de nossos tempos, junto com o tema da morte”.
“Guanoco é um local exuberante, que frequento sempre… Por isso as flores. E aquele que mais me inspirou foi a Sibila” — planta conhecida no Brasil como Aloé ou Babosa.
Na Venezuela é costume pendurar as flores da Sibila atrás das portas, com uma fita vermelha, para afastar as más vibrações de visitantes ao entrarem na casa. Essa crença é muito difundida na região oriental do pais.
“A matéria prima é, como tão apropriadamente se pode dizer em inglês “tantalizing”, tentadora. É barata como a lama e se encontra em todas as partes; é tão vaga e evasiva como o lápis que se deve obter dela; tem milhares de nomes. E o pior é que sem ela nem se pode iniciar a obra… É a coisa mais desdenhada e recusada, atirada na rua, encontrada no lixo”
“Imagine que tenha passado uma noite de seis meses no Polo Norte e que, de repente, tenha sido transportado para um jardim de flores, banhado por uma suave luz e que se encontre, mais ou menos como eu estava, diante de uma fileira de dálias. Você não as acharia maravilhosamente luminosas e não sentiria que por trás de tal ornamento, tal esplendor, tal prazer, não há algo além da fibra vegetal e água?”
“E quanto a ti, Cadáver, penso que és bom adubo mas isso não me ofende,
Aspiro o doce perfume das rosas brancas crescendo,
Toco as folhas como lábios, toco o peito lustroso dos melões.
E quanto a ti, Vida, reconheço que és o resíduo de muitas mortes,
– não duvido que eu próprio já morri mil vezes.
Escuto o vosso murmúrio, ó estrelas do Céu,
Ó sóis, ó erva dos túmulos, ó perpétuas transferências e promoções,
Se não dizeis nada que poderei eu dizer?”
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