Como nossa maneira de pensar mudou
Estive pensando em tudo o que mudou com a chegada da internet. Mudou tudo. O mais importante: mudou a maneira de se pensar, o conhecimento cognitivo. Vou tentar descrever o que penso da maneira mais simples possível. E o mais curioso: estabelecer uma conexão com o Tarot.
Quando comecei no jornalismo, usava máquina de escrever e todas as dúvidas ou informações duvidosas deviam ser previamente checadas com fonte confiável pessoalmente ou por telefone. E até mesmo em livros e enciclopédias.
A gente saía para fazer uma pauta e já voltava para o jornal elaborando o texto no caminho. Chegar no jornal, escrever um texto e depois mudar de ideia e querer alterá-lo era coisa complicada. A gente datilografava em uma página chamada lauda. Com papel carbono porque era necessária uma cópia. Correções simples como erros de digitação eram feitas na lauda e na cópia a caneta ou com aquele corretor de texto branco. Mas a mudança na estrutura do texto, como a ordem dos parágrafos, por exemplo, exigiam que a gente cortasse e colasse a lauda. Ou reescrevesse tudo. E, em jornal, o tempo é preciosíssimo! Tudo tem de ser rápido. Portanto, quanto mais elaborada estivesse a matéria na nossa cabeça, melhor. Desenvolvíamos, então, uma
capacidade extraordinária de organização do pensamento, separando o que era mais importante, de maior impacto, de informações complementares e/ou de menor importância.
Depois, com o computador, mudou radicalmente.
Agora, a gente corta, cola, corrige, inverte com um ou dois toquezinhos. Resultado: o pensamento já não é tão bem elaborado, não ‘gastamos’ um tempo maior pensando bem no que vamos escrever. É tudo picotado. Um quebra-cabeças que a gente vai montando e mudando na hora de escrever, como quer. É apenas uma coleção de peças que colocamos na posição que quisermos, tiramos e trocamos a nosso bel-prazer e, francamente, sem se demorar muito pensando no, digamos, fio da meada, na melhor fluência do texto, no que pode comover ou impressionar mais numa notícia, por exemplo.
Os textos também estão menores. Como há informações soltas sobre todos os assuntos que se possa imaginar na internet, ninguém tem tempo de ler tudo ou grandes textos. Tudo deve ser sucinto. Rápido. Multíplas informações absorvidas em pouco tempo. Nossa maneira de pensar e organizar as ideias e conceitos se transformou.
E nessa gigantesca rede de informações há uma infinidade de peças soltas a serem coletadas por nós. Outro problema: a checagem confiável de informações. Antes, tudo era mais pessoal, mais confiável. Hoje, no google, verdades, fantasias, ignorância e mentiras se misturam. E é lá que se busca tudo. O google se tornou nosso mestre, nossa escola… Tempos modernos.
Enfim, mudou muito. Unir as peças de maneira correta e agradável é o desafio da atualidade. Igual ao Tarot.
As cartas são as peças e se monta o jogo e interpreta as cartas também ao bel-prazer. A leitura tradicional se perde na improvisação de milhares que se expõem na internet. Ruim? Talvez. Bom? Talvez.
Ruim porque valores originais, importantes e essenciais dos arcanos e do jogo em si, podem se perder ou serem mal interpretados. Falta um conhecimento mais profundo.
Bom porque estimular a criatividade e a intuição é algo sempre positivo.
A conclusão a que eu chego é a de que temos de ter bom senso acima de tudo. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Vamos, sim, explorar novos caminhos, montar nossos quebra-cabeças de maneiras variadas. Mas não vamos, não, nos esquecer jamais do conhecimento original.
Concordam? Esse é um assunto para um longo debate, talvez infindável como a teia da internet. Opinem.
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