O caminho do amor – As Cartas de Copas no Tarô Mitológico

Publicado por Titi Vidal

O naipe de Copas simboliza o mundo das emoções, dos sentimentos e também fala sobre relacionamentos. Não à toa, no Tarô Mitológico de Liz Greene e Juliet Sharman-Burke o mito que ajuda a compreender melhor o significado das Copas é a bela história de Eros e Psique e todo caminho que tiveram que percorrer antes de um final feliz.

O amor, ou qualquer outro sentimento, brota com o Ás de Copas. Esta carta simboliza a semente, o potencial para que um amor possa nascer. Num jogo, pode falar do começo de uma relação ou do início de qualquer coisa que vai mexer com nossos sentimentos.

O Ás fala apenas dos nossos próprios sentimentos, pois somente no Dois de Copas uma relação se forma: há um par, ambos apaixonados e envolvidos. Eros se apaixona por Psique nesse 2 e aqui um amor tem início.

No Três de Copas estão juntos, felizes, celebrando esse namoro que começou. É tempo de festa, alegria, prazer. É hora de celebrar juntos, de viver conhecendo o outro e curtindo os bons momentos que podem ser vividos em conjunto.

Depois dessa primeira fase, pode vir a fantasia, como nos mostra o Quatro de Copas. Aqui podemos sonhar, fantasiar, idealizar demais. Não vemos o outro como ele é, mas sim como sonhamos ou desejamos, como gostaríamos que fosse.

No Quatro de Copas, também podem surgir dúvidas, inseguranças, incertezas. Será que o outro é mesmo assim? Será que esse amor é mesmo verdadeiro? No mito, as irmãs de Psique questionam se o seu príncipe é mesmo encantado, já que ele nunca se mostrou a ela por inteiro. Apesar de tratá-la como princesa ou rainha, ela ainda não conhece sua essência. Essa é a fase da paixão, onde transformamos o outro em espelho e vemos com olhos apaixonados e fantasiosos.

Curiosa com as fofocas de suas irmãs, Psique decide ir além e conhecer seu amor, saber quem ele é de verdade. Assim, apesar do pedido de Eros, para que ela nunca quisesse vê-lo, Psique decide trair a confiança de seu amado.

Na calada da noite acende uma vela e enfim conhece por inteiro o homem que está do seu lado. Para sua surpresa e encantamento, a verdade era mais bela que a fantasia: seu marido é tão lindo que ela se apaixona por completo. Mas, neste mesmo momento, a vela o queima e ele, que acorda assustado, fica profundamente magoado porque sua bela Psique havia traído sua confiança.

Assim, o Cinco de Copas fala em confiança traída, em mágoas e tristezas profundas. Também a culpa pela desconfiança e pelo que poderia ter sido diferente. Há o sentimento de perda e a certeza de que agora algo se perdeu.

Aqui, a incerteza sobre ter a pessoa que se ama de volta e a certeza de que o encantamento se desfez. A desolação pode ser tão grande e a dor tão profunda que fica difícil seguir adiante e podemos perder tempo demais lamentando pelo que já passou, mas este também pode ser o preço que se paga para sair da fantasia e conhecer a realidade.

Quando conseguimos seguir adiante, começamos a refletir sobre como resgatar o que se perdeu, como recuperar o tempo perdido e como fazer diferente daqui por diante.

No Seis de Copas, podemos tentar em vão resgatar o que já não existe mais, o que se tornou impossível, mas também podemos ter boas ideias sobre como recuperar o tempo perdido.

No Sete de Copas podemos pedir ajuda, podemos ir à luta. Podemos encontrar, dentro ou fora de nós, os recursos para seguir adiante. Porém, talvez tenhamos que ser humildes, contar com a sorte e conhecer os desafios que precisaremos enfrentar. No mito, Psique foi pedir ajuda à Afrodite, mãe de Eros, que era contra esse amor. Por ser contrária à essa união, Afrodite condiciona a felicidade do jovem casal às difíceis tarefas, quase impossíveis, que Psique deverá enfrentar.

No Oito de Copas, sabemos dos desafios que teremos que enfrentar, se quisermos viver esse amor. É hora de desistir, viver profundamente a dor da separação para superar. Ou, como fez Psique e como faz quem ama pra valer, é hora de se encher de coragem e ir à luta, sabendo que os desafios não serão fáceis. Precisaremos cumprir duras tarefas, como fez Psique. Temos que descer ao Hades, às profundezas de nossa alma, conhecer os segredos e mistérios mais profundos, correndo o risco de não saber ou poder voltar.

No caso de Psique, as tarefas e desafios foram cumpridos por sua coragem e por toda a ajuda que recebeu dos Deuses, tão comovidos por sua vontade. Mas, acima de tudo, Psique cumpriu tudo isso por seu amor, tão puro, tão bonito, tão profundo, tão verdadeiro. O amor que vem da alma é capaz de enfrentar qualquer desafio e quando isso acontece, podemos resgatar aquilo que pensávamos ter perdido.

O Nove de Copas é 3 vezes o Três de Copas. É a hora do reencontro, mas agora num nível muito mais profundo e cheio de amor. Aqui, os corações estão juntos, Eros e Psique, alma e desejo se encontram para viver uma história de amor de verdade, livre de fantasias e ilusões. Se é mesmo assim, então o final feliz acontece…

E o Dez de Copas mostra que se o amor é verdadeiro, tudo é possível e podemos amar e ser amados dessa forma, tão bonita e recíproca. Tanto é que Eros e Psique foram felizes para sempre, assim como nós também podemos ser.