A profissão de tarólogo é um tema com várias possibilidades de abordagem e pretendo examinar dois aspectos: a formação e a prática.
Segundo o Aurélio, profissão é “atividade ou ocupação especializada e que supõe determinado preparo: a profissão de engenheiro, a profissão de motorista”. Também é ofício, no sentido de “ocupação ou trabalho especializado, do qual se podem tirar os meios de subsistência”. Como não há uma escola, um currículo ou formação sistemática e reconhecida, em resumo, um estudo formal, ser tarólogo está mais próximo de ofício do que de profissão. Existem diversos baralhos, tradicionais e modernos, tantos autores quanto releituras, desenvolvimentos e relações (com a cabala, a astrologia). Há, inclusive, níveis de leitura: adivinhação, autoconhecimento, auto-desenvolvimento e alquimia.
Como alguém se torna tarólogo? Começa pelo interesse despertado pelo ocultismo; então se escolhe um professor e, partindo de informações básicas, amplia-se e se aprofunda a pesquisa, sempre seguida pela prática. A manipulação das cartas e a compreensão tanto dos significados quanto das relações acompanha a teoria.
Uma consulta de Tarô deve ser fiel à mensagem das cartas, mesmo que desagrade o consulente, que pode procurar o oráculo levado pela falsa idéia de que vai receber respostas prontas e milagrosas de acontecimentos futuros que solucionarão seus problemas sem necessidade de reflexão ou esforço. A mágica acontece quando o consulente abre alma e mente para o que se revela a ele, mensagem única e especial que pode levá-lo a uma mudança interna que lhe proporcionará tanto uma nova percepção de vida quanto um ânimo diferente para fazer as transformações necessárias para uma existência mais plena.
Um dos desafios do tarólogo é evitar conselhos, porque isto é competência de padres e pastores, ou resolver o problema do cliente, tendo claro os limites éticos e resistir ao poder que lhe é dado pelo próprio consulente. A visão do oráculo como algo mágico, privilégio de poucos, pode diminuí-lo. Limitar-se à previsão, jogando cartas com o cósmico, empobrece a leitura, mas é demanda compreensível numa época em que tristeza é confundida com depressão, esculpe-se o corpo esquecendo-se do espírito, e ter é mais importante que ser. A era da informação rápida que atropela a reflexão, da imagem que sobressai a emoções e sentimentos, reflete-se e interfere na prática do Tarô.
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