O Tarô e Simbologia: janelas para a alma

Publicado por Nádia Greco

A palavra terapia vem do grego e tem o significado de “janelas”. “Janelas para a alma” considero uma ótima forma de descrever o tarô.

As cartas foram definitivamente estampadas num momento em que a Igreja e os estados independentes estavam em luta de poder na Itália. Porém a atividade intelectual seguia a largos passos em direção ao Renascimento.

Nas escolas de pintura os artistas novatos eram ensinados por um pintor mais experiente, adquirindo estes novatos os traços do mais experiente e também as suas idéias acerca do mundo em que vivia. Em alguns casos, de pintores geniais, se tornavam independentes em estilo e idéias tais como Leonardo e na escrita os grandes Dante e Petrarca.

Nos primeiros tarôs então iremos encontrar estes traços de pintura dos artistas. Vou usar como exemplo o tarô mais antigo que conhecemos (feito por volta de 1441), o Visconti-Sforza, encontramos uma situação da época, as núpcias de Bianca Maria Visconti e Francesco (os Enamorados) e símbolos dos reis e rainhas da época que pagavam as obras, (a fonte, os três anéis entrelaçados), as Rainhas, que fazem parte só do tarô e das cartas de jogo francesas, entre outros.

O Tarô e Simbologia: janelas para a alma
Francesco Petrarca (1304-1374)
Pintura de Andrea di Bargilla.
Galeria Uffizzi – Florença
Fonte: www.pt.wikipedia.org

Também encontramos as referências literárias dos próprios triunfos em si (Petrarca, que escreveu sobre o tema Triunfos entre 1.352 e 1374) de anjos, círculos angélicos e esferas planetárias (Dante). Neste ambiente de grande atividade artística nasceu o tarô que hoje conhecemos.

Se examinarmos com atenção as cartas e os símbolos antigos teremos a mesma percepção interna que as cartas modernas, mesmo que parcialmente modificada, porque os sentimentos e reflexões retidas nas cartas naquele momento em que foram criadas são os mesmos que vivemos atualmente. Com o passar dos tempos contamos com o acréscimo de talentosos artistas que incorporaram ao tarô subseqüentes símbolos de acordo com as necessidades emocionais e espirituais de sua época.

O tarô pode ter tido dois objetivos a princípio: 1º o de ser uma propaganda da força dos nobres senhores; 2º o de entreter as damas nobres através de um belo contexto filosófico e espiritual que existe dentro das imagens do tarô, pois todos os nobres da época pretendiam ou pelo menos tentavam viver num contexto intelectual.

Era de praxe aos letrados da época, a convivência diária com tutores e intelectuais de todo tipo que pudessem pagar.

Os nobres viviam um momento de grande mecenato, onde através deste mecenato, eles e suas famílias tiveram a oportunidade de serem também iniciados nos temas do espírito. E para provar isto os primeiros tarôs são até hoje estudados e analisados sempre se encontrando um detalhe que pode ser muito atual e moderno neles.

O tarô é uma riqueza de arte e espiritualidade para a humanidade e principalmente por isto ele nos encanta, fascina, e sobreviverá ao tempo.

Num simpósio desenvolvi como tema “comparar as cartas com os trabalhos de arte de cada período em que cada tarô é criado”. Como objeto de estudo recomendo que compare com vestuário de época, símbolos e sinais e artistas do mesmo período.

Lembremos que “cartas de tarô” é um termo que começou a ser usado só no início do século XVI. Para diferenciar melhor neste artigo os exemplos usarei o termo original Triunfos em vez de cartas. Tomarei como exemplo o tarô dos Visconti-Sforza.

Cartas A Estrela, A Lua, O Sol e O Louco no Tarocchi Visconti-Sforza (1440)
A Estrela, A Lua, O Sol e O Louco no Tarocchi Visconti-Sforza (1440)

Observemos os Triunfos com os símbolos da Estrela, Lua e Sol que representam a grande tríade planetária, sendo a estrela a representação de Vênus.

O Louco com sete penas na cabeça simbolizando a pobreza e os que estão à margem da sociedade, mas também a loucura mística e a vasta representação mística que esta contida no número 7.

Outra indicação interessante de estudo são os coptas, que podemos considerar os primeiros cristãos greco-egípcios, um exemplo é a carta da Justiça X arcanjo Miguel. E outra grande influência foi o mundo pagão e a mitologia.

Encerro com uma reflexão, que através do tarô a cultura humanista dos grandes homens da época transformou os antigos deuses em alegorias (Os Triunfos), com ensinamentos morais, permitindo assim uma convivência pacífica entre a fé cristã, os nobres e os intelectuais da época que sobrevive até os dias atuais.

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