O ano começou com uma grande disseminação da variante ômicron, altamente contagiosa e menos letal que as variantes anteriores. A Rússia está no foco da geopolítica seja pela Ucrânia como pelo Cazaquistão. Os planetas rápidos cruzaram Plutão e Marte fez quadratura a Netuno, tudo rápido, mas intenso.
Verão cinzento no país tropical
Quase todo verão um aguaceiro cria um desastre com mortos, desabrigados, perda de móveis, eletrodomésticos, eletrônicos e moradias, mas com Júpiter cruzando o Ascendente e ingressando em Peixes a coisa foi tremenda, com um corredor iniciando no Amazonas, passando pelo Centro, Minas, sul da Bahia e Espírito Santo. Enquanto está acontecendo vemos imagens e depoimentos nos noticiários e doações chegam, mas quando a chuva para e a população mais precisa, as imagens do noticiário e as doações sumiram.

Planejamento urbano e política habitacional inexistem no país, mas algo pode ser feito nos rios ou mesmo um alarme de inundação poderia ser instalado. O vale do Itajaí viveu inundações calamitosas, mas as autoridades e a população tomaram medidas para minimizar as perdas, é possível fazer algo. Às vezes o fenômeno é imprevisto e improvável, como a inundação que pegou o semiárido mineiro, onde a seca é quase permanente. Os reservatórios de água subiram, mas os preços da eletricidade continuam na lua.
Eleições — Vários possíveis candidatos se movimentam e alimentam notícias, muito teatro e retórica, a situação só estará clara em abril. Algo merece um comentário: o PT anunciou a criação de milhares de comitês eleitorais, se a oposição quer eleições minimamente normais será preciso mobilização, inclusive para tomar posse e começar a governar. O governo tem meios para intimidar pessoas e partidos: judiciário, polícia federal, BB, Caixa, Receita Federal, milícias e hackers. Com isto pode infernizar a vida dos opositores.
Economia — E tem meios para distribuir agrados aos professores, policiais, reduzir impostos de combustíveis e eletrodomésticos. Para controlar a inflação, o BC sobe a Selic tornando o crédito mais caro, elevando a conta de juros do governo e a dívida pública com impactos negativos sobre o câmbio e salários. Um possível governo Lula tem trazido expectativas exageradas, com sorte conseguirá restaurar algumas instituições e políticas públicas destroçadas pelo atual desgoverno, mas a mentalidade e a violência da extrema direita vão perdurar por muitos anos.
Mundo afora
Que aconteceria se o governo russo vendesse alguns de seus modernos mísseis hipersônicos a Cuba e México? Uma gritaria desesperada em Washington. A presença da Otan na Ucrânia é a mesma coisa, mas os americanos vendem a ideia que isto é natural e criam uma grande histeria no país: a inflação subiu, pessoas estocam alimentos, houve fuga de capital e o próprio presidente ucraniano reclama da situação e denuncia a histeria.

A última coisa que o governo russo deseja é invadir ou anexar a Ucrânia, um país pobre, corrupto e que abriga uma bela gangue neonazista, em suma um grande abacaxi. Os americanos e europeus estão se lixando para a população ucraniana, só querem mesmo é provocar, estão inconformados com o domínio tecnológico russo no campo militar. No momento a Ucrânia é invadida por armas e mercenários ocidentais que podem provocar problemas em Donbass, região leste, onde a maioria fala russo.
A situação é perigosa, os americanos estão vivendo o primeiro retorno de Plutão, agravado no final do mês pela conjunção Vênus/Marte (veja o mapa dos EUA ). O cinismo chegou ao auge, lemos nas notas oficiais e em jornais menções ao imperialismo russo, mas quem tem mais de 700 bases militares no exterior? Já os russos estão com Júpiter na casa 7 e Saturno ingressando nela, setor da diplomacia e declaração de guerra (veja o mapa da Rússia).
Cazaquistão — Grande território, pequena população (19 milhões), país rico em óleo e gás com presença de empresas americanas e russas, importante para a China por conta da nova rota da seda. No início de janeiro o governo anunciou o fim do subsídio do gás e em várias cidades a população protestou, um grupo armado enfrentou a polícia, ocupou prédios públicos e o aeroporto de Almaty. Foi claramente algo planejado para derrubar o governo que pediu ajuda aos russos e outros (OSC) para debelar a insurreição.

Cogitaram de grupos jihadistas, mas ninguém assumiu a autoria do ataque. O país tem maioria islâmica e se orgulha de cultivar a tolerância religiosa, na capital Astana um moderno edifício celebra a paz entre as religiões. Em uma semana a insurreição terminou e mais de 10 mil pessoas foram detidas para investigação. Não se pode excluir a hipóteses das rivalidades das oligarquias domésticas nem o interesse ocidental de embaraçar Rússia e China. Até o momento o governo não emitiu nenhuma nota sobre o assunto.
China — Na véspera do início dos Jogos Olímpicos de Inverno, Putin foi recebido em Pequim e uma declaração conjunta foi emitida pelos dois governos, ataca pesadamente a política externa americana e propõe a aceitação de situação multipolar regida por leis, desarmamento nuclear, respeito à soberania e aos contratos. O nível de cooperação entre os dois países se aprofunda a cada ano, mas só chegará a um novo patamar quando conseguirem se desvencilhar do dólar, o que não é nada trivial.
Europa — Está no meio da guerra e sem saber o que fazer. A partir de 2004 a União recebeu a adesão dos países que integraram o bloco soviético. Sem tradição democrática e com economias arruinadas estes países são uma constante aflição para os europeus. A Ucrânia queria muito aderir e nada a impedia depois do golpe de 2014, no entanto os europeus deixaram o assunto em banho-maria, pois sabem perfeitamente que isto seria mais uma dor de cabeça.
Os europeus estão sendo convidados a abrir mão do gás russo e passar a importa-lo mais caro de outras fontes, a população vai gostar muito desta solução, os empresários alemães ficarão muito felizes com o aumento de custos que atrapalharão as exportações. Macron ainda tenta dialogar com os russos, ele tem eleição este ano. Urano está no MC da Europa, quer dizer no setor executivo, e a soberania ameaça virar fumaça (veja o mapa da União Europeia).
Confusão na Academia
Benjamin Teitelbaum, um etnógrafo americano, escreveu A guerra pela eternidade, um livro sobre a ascensão da extrema direita. Ele entrevistou vários ideólogos do movimento, entre eles S. Bannon, Olavo de Carvalho, o russo A. Dugin e outros. Nestas entrevistas ele ouviu falar de Guénon, Evola, Schuon, Burckhardt e outros tidos como intelectuais do Tradicionalismo. Benjamin deve ter folheado os livros destes pensadores e parece não ter entendido direito do que se tratava.

Somente Evola escreveu e atuou em política na Itália fascista, os outros nunca escreveram sobre política e nenhum admitia que um movimento político pudesse reverter a atual situação que é regida por um processo cosmológico descrito na doutrina védica. Já Bannon & Cia. atuam politicamente e pensam que é possível alterar a situação. Em resumo, Benjamin parte de uma premissa totalmente equivocada.
Também é equivocado atribuir grande importância aos ideólogos. Bannon foi importante na campanha de Trump, mas sua passagem pelo governo foi rápida. A influência de Dugin sobre Putin é muito exagerada e a dependência russa da China é mal vista por Dugin. Olavo de Carvalho, falecido recentemente, se queixava que tinha sido usado como pôster por Bolsonaro e seu legado político é um fiasco: Debi e Lóide, Ernesto Araújo e Weintraub.
A ascensão da extrema direita foi um processo lento com alguns marcos importantes:
1 – A crise econômica da década de 1970 foi superada com a liderança do capital financeiro, automação nas fábricas, globalização e políticas neoliberais. Muita gente ficou com trabalho precário e salários defasados, o futuro passou a preocupar. A marca astrológica disto: a grande concentração de planetas lentos de 1981/5.
2 – Os partidos trabalhistas, socialistas e socialdemocratas, quando no governo, adotaram políticas neoliberais e em consequência,
3 – Aumentou a decepção com os regimes políticos, a alta abstenção nas eleições foi um sinal.
4 – Muita gente se sentiu incomodada com as lutas e reivindicações das mulheres, negros, gays e imigrantes.
5 – A violência começou a ser vista como um método válido para resolver conflitos. A vingança é um dever e uma virtude e a ignorância é exaltada.
6 – O movimento precisou se encarnar numa pessoa, o líder providencial que derrotará o sistema vigente.
7 – As pessoas aprenderam a usar as redes sociais para difundir ideias, atacar inimigos e dar um mínimo de organização ao movimento.
O maior problema do movimento e dos governos de extrema direita é que não podem entregar o que prometeram. A economia mundial continua financeira e globalizada, os bons empregos não voltaram e os ricos enriqueceram mais ainda. Dificilmente as mulheres, negros, gays e imigrantes deixarão de lutar e reivindicar. A multidão de descontentes aumentará e um dia pode descobrir que há soluções melhores que as ilusões atuais.
Vivemos tempos de opiniões extravagantes e fake news, é uma lástima que um acadêmico promova mais confusão. Metade dos países vive sob ditaduras de variados matizes e a outra metade em democracias regadas e regidas pelo dinheiro. Uma escolha entre o abominável e o pavoroso, é um aspecto da Kali Yuga.
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