Retrospectiva 2013 e Perspectivas 2014

Posted by: Harah Nahuz (Carla Daniela Balenzuella Nunes)

2013 fez de nós transeuntes na guia. Fomos todos pedestres. A cada passo nossos pés foram obrigados a carregar além de nosso peso, o peso de nossa bagagem e somado o fato de que não estivemos sozinhos na caminhada e isso implica em ajustar o ritmo com aqueles que estão ao nosso lado, a nossa frente e aqueles que estão logo atrás.

Cansa só de pensar. E esse cansaço tende a levar a um pensamento equivocado de que o “excesso de bagagem” e o caminhar do outro é o que nos atrasa. A solução se faz clara: diminuir a carga e imprimir meu ritmo próprio e quem puder me alcance. Será?

Tudo o que carregamos conosco, carregamos por algum motivo. E quando estamos prontos para descartar algo, simplesmente descartamos sem grandes dramas e nostalgias.

Ambicionar outro tipo de companhia é uma pretensão que não nos cabe, pois nossos pés nos trouxeram exatamente onde precisamos estar e dentro do ritmo que nos é possível. Veja: se a tônica do arcano que regeu 2013 fala de pluralidade de caminhos e pessoas, de que forma o centro poderia ser uma escolha focada no individual?

Aquele que viveu esse 2013 dos enamorados movido de palavras – chave (leia –se chavão) de Enamorados = escolha, provavelmente finaliza esse ano com uma sensação vazia e frustrada. Parafraseando Nando Reis:

Desculpe,
Estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei
Errado e eu entendo.
As suas queixas tão justificáveis
E a falta que eu fiz nessa semana
Coisas que pareceriam óbvias
Até pra uma criança.
Por onde andei
Enquanto você me procurava?
Será que eu sei
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava?

Proponho esta analogia não no sentido emocional-romântico, mas sim no de auto-questionamento quando se constata que abandonamos o principal.

E não se atribui somente á figura central do arcano, já que verdadeiramente não conhecemos o contexto dessa trajetória. A mulher à esquerda, a da direita, o anjo e a figura central: como saber quem pede desculpas, quem andou errado, quem estava em falta e quem procurava? Na verdade todos cantam em uníssono a mesma canção. E é aí que reside o verdadeiro desafio do arcano.

Nunca se tratou de escolher um lado, uma pessoa, um caminho ou objetivo: a essência do aprendizado é reconhecer que nossa unidade se fragmenta em tudo aquilo que nos cerca e é preciso reunir essas partes e fazer delas a nossa propulsão.

Isso fica muito claro quando comparamos o arcano regente do ano que passou e o arcano que rege o ano que se inicia: perceba que todos os elementos do primeiro estão inseridos no segundo. A orientação espiritual representada pelo anjo se materializa na forma de coroa e arrisco supor que a flecha após atingir o alvo foi novamente forjada transformando-se em cetro. Numa espécie de “estágio” para o arcano da Força, vemos as mulheres dissolvendo sua forma humana até que se manifeste anima/animus.

E agora é possível pensar no que foi dito sob uma nova perspectiva: tudo o que carregamos conosco, carregamos por algum motivo. Quando estamos prontos para descartar algo, simplesmente descartamos sem grandes dramas e nostalgias.

Ambicionar outro tipo de companhia é uma pretensão que não nos cabe, pois nossos pés nos trouxeram exatamente onde precisamos estar e dentro do ritmo que nos é possível. Não é uma filosofia de acomodação e aceitação do carma, ao contrário: é aprender com a natureza criar combustível a partir de nossos próprios fósseis.

Centrar a escolha apenas entre uma ou outra figura nos faria um simples cavaleiro. Nos amputaríamos e mais adiante saberíamos disso quando a sensação de termos sido roubados mascarasse nosso livre arbítrio utilizado erroneamente por uma consciência limitada. E novamente parafraseando Nando Reis:

Amor eu sinto a sua falta
E a falta, é a morte da esperança
Como um dia que roubaram o seu carro
Deixou uma lembrança.

Se a esperança está morta no hoje irremediavelmente a buscaremos no ontem, pois sem esperança não existimos. O problema é que não basta “existir” estamos aqui para viver ! Um carro pressupõe movimento.

 

 

O ano de 2014

 
No arcano XX. O Julgamento, a tríade originada nos Enamorados, transformada no Carro, atravessa todos os outros ciclos até ser despertada em sua essência que nunca perece: o eterno.

No arcano XIIII. A Temperança, o Anjo que literalmente vem depois do XIII. A Morte é o que nos ensina que as águas ao se misturarem, se tornam uma só. E a vida, aliás, a VIDA, se revela como algo muito maior quando vista e vivida através do simples, como na música de Nando Reis:

Que a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama.

Lancemos um olhar diferente sobre nós mesmos e tudo o que vivemos até hoje. Um olhar de amor e aceitação.O amor de quem se ama hoje mesmo de forma incondicional. Que possamos assumir o nosso caminho. Seja por terra, água ou ar, sempre haverá um veículo correspondente.

O fogo é o nosso espírito unificado. Temos exatamente o que precisamos para atravessar o caminho que nos leva aonde o que já somos se materializará.

Sejamos o que nos move e movamos o que somos.