Alguns símbolos das cartas do tarô estão presentes na maioria dos baralhos, outros são característicos apenas de alguns; os Tarôs que se tornaram clássicos deram origem a diversos outros que seguiram o seu estilo, criando-se padrões de tarôs. Os elementos posteriormente inseridos nos baralhos que se seguiram agregam significados aos arcanos e ao próprio conjunto do Tarô. Apesar de nem sempre serem fundamentais para a sua compreensão, alguns chegam a modificar a crença religiosa original com a qual o oráculo foi identificado.
Um dos tarôs mais antigos é o Visconti-Sforza, na versão Pierpont Morgan-Bergamo, feito em comemoração a Francesco Sforza ter se tornado duque de Milão em 1450 ou em 1451 como um presente dele para sua esposa Bianca Maria pelo décimo aniversário de seu casamento.
Neste tarô, vemos as cartas sem nomes ou números, apenas com a imagem a nos poder transmitir sua mensagem, portanto isto mostra que recorrer ao número ou ao nome da carta para interpretá-la não é a forma principal de se compreendê-la. A linguagem do tarô é expressa essencialmente por imagens, são elas que provocam na mente do leitor a expansão de sua intuição.
O primeiro baralho de tarô com os 22 Arcanos Maiores assim numerados foi um baralho francês de Catelin Geoffroy, possivelmente para ser exportado para a Alemanha, que data de 1556 ou 1557.
Na carta que foi numerada como o Arcano II e nomeada como A Papisa e depois A Suma Sacerdotisa e A Sacerdotisa, vemos uma mulher sentada em um banco dourado sobre uma plataforma trapezoidal. Ela usa uma veste monástica marrom e uma tiara sobre o seu véu feito de dobras que envolve sua face, este véu era usado pelas mulheres casadas na Idade Média para não mostrarem os cabelos e depois passou a ser usado apenas pelas freiras. Em sua mão direita, um fino cetro com uma cruz no topo. Na mão esquerda, sobre seu colo, um livro sagrado. Supõe-se que seja a representação da Papisa Joana, figura lendária da Idade Média que teria assumido a função papal disfarçada de homem, já que o cargo era e ainda é interdito às mulheres.
O Arcano II no Tarô Rider Waite, publicado pela primeira vez em 1910, por William Rider, apresenta a Sacerdotisa sentada entre duas colunas, uma preta, com a letra B e a outra branca, com a letra J, sendo B de Boaz, personagem bíblico do Antigo Testamento e o nome de uma das colunas do Templo de Salomão, significando negação; e J de Jachin, significando começo, o nome da segunda coluna. Como pano de fundo uma cortina decorada com romãs e sobre a cabeça, a coroa lunar de Isis. Uma cruz no peito, uma lua crescente aos pés e nas mãos, um pergaminho com a palavra Torá ou Torat, especificando que aquele é o texto sagrado do judaísmo.
Comparada com O Mago
Esta mulher bonita e misteriosa, iluminada pela lua, é o oposto do arcano que a antecede, O Mago: ela é quieta enquanto ele é loquaz, ela está parada, enquanto ele se movimenta, ela está sentada enquanto ele está de pé. Ela é envolta pela noite enquanto ele aparece sob a luz do dia.
Um mago não precisa ter uma religião, ele é regido por forças diversas e infinitas, debruça-se sobre seus artefatos e mostra sua magia ou mágica na prática. Uma sacerdotisa é uma líder religiosa, ela representa e professa uma filosofia teológica, seja o catolicismo, seja o judaísmo, a religião egípcia, grega, neo-pagã ou qualquer outra.
À ela o Louco, o neófito, pergunta como deve utilizar os instrumentos que o Mago lhe forneceu, a espada, o cálice, a varinha e o pentáculo. Ela não verbaliza, ela mostra-lhe os pergaminhos para que ele os leia, aprenda por si mesmo e tire suas próprias conclusões.
Às dúvidas do Louco, ela responde através de sua voz interior, orientando para que ele ouça seus instintos, reflita sobre o que aprendeu e só então aja. Agora, centrado e em contato consigo mesmo, ele pode seguir seu caminho, até que possa aprender novos e maiores segredos.
O Ensinamento da Sacerdotisa no Tarô
Uma vez que você tenha uma idéia, também tem uma decisão a tomar. A Sacerdotisa tem em suas mãos papiros com o conhecimento arcano. A coroa lunar na cabeça e a lua crescente aos seus pés indicam sua capacidade de iluminar o que não conseguimos ver sobre uma possibilidade, seja ela no trabalho ou um investimento, amor, carreira, família e etc. Mas você precisa de um tempo sozinho e quieto para meditar e refletir.
Sentada entre dois pilares como entre duas escolhas, ela não pressiona para que se tome uma decisão, ela conduz a que se tenha um tempo para pensar e ouvir a voz interior. Ela quer que você ganhe conhecimento antes de agir: conhecimento instintivo, superior, secreto, auto-conhecimento.
Ela vai além para aqueles que buscam o conhecimento mais profundo, esotérico, por trás do véu, pois as romãs nos remetem à Perséfone, que foi levada para a terra dos mortos, comeu seus frutos e se tornou a única deusa capaz de entrar e sair deste reino. A Sacerdotisa é quem nos guia por todos os caminhos misteriosos e desconhecidos.
É o arcano que representa a(o) própria(o) intérprete do oráculo, no melhor exercício de sua função.