A seqüência e o trabalho prático

Posted by: Cristina Britto

Sem entrar no mérito de que a seqüência conhecida, de 0 a 21, do Louco ao Mundo, é arbitrária, questionável ou modificável, dou minha contribuição ao tema contando uma história bastante resumida com os arcanos.

O Louco representa o Herói, é cada um de nós e todos nós. O Mago e A Sacerdotisa são seus pais celestiais, ou arquétipos espirituais, místicos, simbolizando nossa ligação com energias superiores. A Imperatriz e O Imperador são os pais terrenos, aqueles que cuidam das necessidades materiais e nos propiciam reencarnar. O Hierofante é a representação de nossos professores e orientadores. O Enamorado é o momento em que decidimos deixar a casa dos pais e nos aventurar. O Carro é a saída para a vida. A Justiça é a experiência da responsabilidade. O Eremita é a procura de si mesmo. A Roda da Fortuna é o encontro com o destino. A Força é a tentação de impor a própria vontade. O Pendurado simboliza a necessidade de ver a vida sob um outro prisma. A Morte é a compreensão do desapego. A Temperança é a harmonia interior. O Diabo representa a experiência da tentação do querer e do poder. A Torre é a frustração, o fracasso de projetos ilusórios. A Estrela é a confiança no futuro. A Lua simboliza que é preciso vencer os inimigos internos, o medo e a dúvida. O Sol é a triunfante vontade de viver. O Julgamento é o encontro do tesouro. O Mundo significa o reencontro do paraíso. E voltamos ao Louco, a história recomeça, partimos em busca de novas conquistas, materiais, anímicas e espirituais.

Mesmo uma exposição tão breve mostra as etapas pelas quais a maioria de nós passa: nascimento, formação, crescimento, socialização, amadurecimento, recomeço.

Com isso quero comentar que a ordem de 0 a 21 não vale no trabalho prático, porque a dinâmica da consulta depende das circunstâncias que envolvem o consulente e do estágio de vida em que ele está. Há avanços e recuos, momentos de crescimento e descobertas, ou (re)caídas e involuções, esclarecidas através da leitura não só das cartas em si, mas de suas relações entre si no jogo e das casa onde caem.

Para mim, esta é a beleza do Tarô. É um instrumento de autoconhecimento com um conjunto de conceitos e orientações filosóficas e metodológicas (escolas), mas que não limita a si mesmo. O Tarô é um livro cuja última página ainda não foi escrita.