A sexualidade e sua representação nas cartas do Tarô

Publicado por Constantino K. Riemma

Uma breve apresentação das polaridades

O tópico das relações amorosas já foi tocado em outros textos e pode ser colocado em paralelo ao tema da sexualidade. E para estabelecer uma ponte simbólica para outros ângulos menos imediatos, tocarei no significado das polaridades.

Se examinarmos a distribuição de personagens masculinos e femininos nos arcanos maiores, obteremos um resultado bastante significativo. Sete cartas têm uma figura central masculina e, outras sete, figuras femininas, o que evidencia um equilíbrio preciso entre as polaridades yin (feminina, receptiva) e yang (masculina, ativa).

Os personagens masculinos dominam sete arcanos e, as femininas, outros sete:

A sexualidade e sua representação nas cartas do tarô
Cartas do Tarot de Jean Noblet (1650)

Os conjuntos de sete nos remete à Lei das Oitavas (tudo no cosmo se manifesta numa sucessão de sete passos) e permite estabelecer incontáveis correlações simbólicas.

No quadro montado acima, salta aos olhos um vínculo sutil entre os pares: 1. Mágico e 2. Papisa; 3. Imperatriz e 4. Imperador; 5. Papa e 8. Justiça; e assim por diante. Podemos associar cada um desses “casais” às faces yin (feminina) e yang (masculina) do Setenário dos Planetas, bem como a outros tradicionais, como por exemplo, as Sete Virtudes ou os Sete Pecados Capitais. Aqueles que têm familiaridade com a chamada “Lei de Sete” podem realizar o exercício de associar o Mago e a Papisa ao Dó inicial, o Imperador e a Imperatriz ao Ré, até à conclusão com a última nota da escala, o Si, representado pelo Louco e o Mundo.

Os demais cartas, sob o ângulo da sexualidade, podem ser repartidas em três blocos:

Esses três blocos oferecem particularidades que trataremos em outra oportunidade.

O sentido das polaridades

Certamente, no passado, orientados pelos antigos mestres, teríamos critérios mais seguros para reconhecer a expressão da Lei de Três, que nos ensina sobre a presença indispensável de três forças para que a manifestação se realize: uma força masculina, yang, positiva, ativa, uma força feminina, yin, negativa, receptiva, e uma terceira força neutralizadora para estabelecer a mediação ou re-união das polaridades.

Hoje temos uma grande dificuldade para reconhecer a diferenciação entre masculino e feminino num plano mais sutil que não o da sexualidade no plano físico. Se a tendência coletiva neste final da Era de Peixes prega a justa igualdade social e cultural entre as pessoas, arrasta por outro lado importantes lacunas no reconhecimento das particularidades inerentes a cada um dos sexos. E isso, muitas vezes, acaba por negar ou violentar necessidades próprias a cada pólo.

Se os sexos fossem iguais, como defendem alguns, seria o cáos no sentido bíblico da palavra: retornaríamos à massa inerte anterior à Criação do Mundo. Na linguagem simbólica do Gênesis está claramente indicado o gesto criador na polarização dos elementos, separando a luz das trevas; as águas do firmamento; os continentes das águas. Dois pólos, dois mundos.

Os conceitos de animus e anima da psicologia junguiana podem ajudar a reconhecer as polaridades no interior de cada ser, sejamos nós homens ou mulheres.

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