Sob pressão, música gravada por Gilberto Gil e Chico Buarque, em agosto de 2020, em plena pandemia de COVID-19, é uma composição de Gil em parceria com o poeta moçambicano Ruy Guerra, que retrata com emoção o período da crise do Coronavírus. A música foi composta a convite do diretor Andrucha Waddington como tema para a temporada especial da série de televisão brasileira Sob Pressão, transmitida pela Rede Globo.

Nela Ruy Guerra fala da falta de ar e dos temores dos pacientes, da coragem e do combate ao vírus pelos profissionais de saúde, citando também o jogo político frequente entre os Poderes do País, os quais, segundo a canção, “são tontos que blefam com a morte, num jogo de verdades e mentiras “. A música passeia entre a ciência e o culto dos orixás, a fantasia e razão, a resiliência e a esperança do povo brasileiro e retrata, também, a pressão que sofremos para sobreviver ao negacionismo, à falta de coordenação nacional no combate à pandemia que ceifa vidas, à falta de um governo à altura das necessidades do País.
O gênero da música “transita pela seara nordestina (…) para se embrenhar na terra musical do baião e da toada”. Em seu blog hospedado no portal de notícias G1, o jornalista e crítico musical Mauro Ferreira afirmou que “passada a epidemia, a música ficará como registro histórico (…) desse momento singular da humanidade”.
A música está para a vida tanto quanto a ciência para a superação da pandemia. Sob Pressão é um retrato musical da pandemia de Covid-19, que tem o Brasil como um dos países mais afetados por essa crise mundial. A letra é forte e contém críticas à parcela da população que desacredita da gravidade da pandemia .
O clipe foi dirigido por Andrucha Waddington e Pedro Waddington. Confira:
Compositores: Gilberto Gil e Ruy Guerra
Apresentação: Gilberto Gil e Chico Buarque
Falta de ar nos gemidos dos ais
A febre, seus fantasmas, seus terrores
Sem pressa, passo a passo, mais e mais
A besta avança pelos corredores
O médico caminha com cautela
Estuda as artimanhas do inimigo
A enfermeira brava vence o medo
Pouco lhe importa a extensão do perigo
O mundo está azaranza, ao Deus dará
O povo não se entrega é cabra cega
É lá e cá sem lei, sem mais aviso
Só sei que é preciso acreditar
Fazemos todos parte desta história
Mesmo que os tontos blefem com a morte
Num jogo de verdades e mentiras
Um jogo duplo de azar e sorte
A ciência abre as suas asas
A esperança à frente como um guia Com São João na reza, a pajelança
A intervenção de Xangô na magia
Neste canto aqui da poesia
Casa da fantasia e da razão
Abre-se a porta e entra um novo dia
Pela janela adentro um coração
A voz de um barco à bordo da alvorada
O sol da aurora secando o pulmão
Ano passado se eu morri na estrada
Vai que esse ano não morro mais não
É pra montar no lombo da toada
Desembarcar do trem da pandemia
É pra fazer da rima arredondada
O rompante final de uma alegria
Vamos em frente amigo, vamos embora
Vamos tomar aquela talagada
Vamos cantar que a vida e só agora
E se eu cantar amigo a vida é nada
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