Tarô: o amor à arte e a profissão

Posted by: Michele Kasten

Procurando saber mais sobre a profissão de tarólogo, fui em busca de informações em vários sites e junto a vários profissionais que trabalham com o tarô. Tenho consciência de que a profissão é mais do que séria. Mas é um passo ao desconhecido que dá medo, que chega a sufocar os despreparados. E é assim que eu me sentia: totalmente despreparada para largar tudo o que conquistei até hoje para apenas “ler as cartas”. Apesar de conhecer o tarô há 16 anos, não me sentia preparada para atuar num campo tão vasto.

Eu me perguntava: mas será que se eu me dedicar, estudar, acreditar na profissão, ela não será suficiente para me manter física, mental, emocional, financeira e espiritualmente? E a resposta que consegui com minha pesquisa foi, para minha infelicidade, “não”. Por este motivo seguirei atendendo por prazer e de modo despretensioso. Assim estarei ajudando, trocando energias com o universo.

No final tudo vira uma troca. Busquei aprender com os diferentes pontos de vista, necessidades e anseios de outros profissionais mais experientes do que eu, e este é um presente que devolvo a todos.

Tarô: o amor à arte e a profissão
“A Cartomante” de Ciro Marchetti

A pesquisa e seus resultados

Eis alguns dados da minha pesquisa: de agosto a outubro de 2008 enviei mails a profissionais da área mística ou esotérica – tarólogos, astrólogos, cartomantes etc. – de todo o Brasil, Portugal, Espanha, México, EUA, Japão, Holanda, Alemanha, Canadá, Itália e Honduras. Eu lhes pedia “dicas e visão quanto ao mercado de trabalho em relação ao tarô hoje”. Total de entrevistados: 152 pessoas.

(In)segurança: a maioria (3/4) dessas pessoas apontaram a falta de segurança em atender na própria residência, o que sugere a colocação de espaço próprio para leitura – o que evidentemente encarece custos de se manter o negócio.

Fonte de renda: metade dos entrevistados fazem da leitura de tarô uma atividade complementar, um meio de incrementar o orçamento doméstico. (E alguns dizem que esse incremento não passa dos 20% do total de despesas).

Um “mix”: um terço dos entrevistados vivem do tarô, mas dizem que só o conseguem porque trabalham aliando cursos ou oferecendo outros trabalhos no conjunto (astrologia, runas, leitura de mãos, atendimentos terapêuticos, etc). Em geral, eles relatam a dificuldade de viver apenas com uma das profissões citadas.

Aprimoramento e divulgação: entre aqueles que deram dicas de como atrair e manter clientela, alguns insistem na importância do auto-conhecimento e das pesquisas exaustivas, reciclagem constante e vivência em outras áreas. Outros relatam que propagandas por meio de folders, cartões etc. são relativos; o maior retorno advém do “boca-a-boca” que resulta de um bom trabalho executado. Mas há os que valorizam a boa divulgação em sites – um bom meio de comunicação é fator chave para a divulgação do trabalho.

Pressão e preconceito: da parte de clientes ou potenciais clientes, alguns profissionais ouvem reclamação quanto ao preço da leitura das cartas – acham caro, justificado que o serviço é uma necessidade de segundo plano. Uma minoria cita o preconceito sofrido pela profissão por parte da mídia e inclusive dos próprios clientes (chegam a citar que os clientes pedem para ser recebidos sem ser vistos).

Expectativa e cobrança: parte dos entrevistados me alertou para a existência de clientes que criam um elo emocional e dependência em relação ao tarô ou tarólogo, no que diz respeito à tomada de decisões – tornam-se dependentes das cartas e cobram resultados imediatos da pessoa que faz a leitura. Em geral são os consulentes que supõem que o tarô é um oráculo que prediz o futuro, e não um método de conhecimento e orientação.

Assédio e excentricidades: houve também relatos de casos curiosos ou desagradáveis, como os de pessoas que passam a assediar os profissionais em horas descabidas e com histórias tristes (querendo consulta gratuita); clientes que “testam” o profissional com histórias inventadas, no início da consulta, ou que o processam por terem tomado decisões que não deram certo com base em suas previsões; e até mesmo clientes que levam o cachorro ou as cinzas do marido para se consultarem.

Comentários finais

Em resumo, todos os entrevistados relataram dificuldades que enfrentam com a atividade, sendo mais constantes a falta de segurança quando se atende na própria residência, a impossibilidade de se manter financeiramente atuando somente com o tarô, e a falta de bom senso de clientes que assediam os profissionais, ou mostram descrença, ou criam um elo de dependência.

Os comentários relativos à descrença dos clientes me fazem perguntar: por que alguém procuraria uma consulta de tarô quando não acredita no serviço? Será que o preconceito ou descrédito existe em relação às lâminas, ou à atuação de alguns profissionais? Será que a culpa é do consulente que busca previsões e não quer ver a si próprio?

Quero agradecer em especial ao Sr. Constantino Riemma, que me convidou a divulgar estes dados junto ao site Clube do Tarô, e a todos os profissionais de todos os países que responderam com humildade, presteza e alegria às minhas indagações sobre o tarô.

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