Sob o aspecto gráfico, os tarôs de Jean Dodal, de Lion, e de Jean-Pierre Payen, de Avignon, são estranhamente semelhantes, a ponto de se confundirem. A conclusão, portanto, é simples: podemos atribuir ao mesmo gravador esses dois tarôs do início do século 18.
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Tarot Jean-Pierre Payen
Avignon, 1713
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Tarot Jean Dodal
Lion, 1701-1715
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Tarot Jean Dodal
Restauração em 2002
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É sempre necessário distinguir entre gravadores e “cartiers” propriamente ditos, pois estes últimos foram na maior parte do tempo apenas editores e comerciantes de imagens. A partir de 1701 foi proibido, na França, que os editores gravassem eles próprios os moldes para impressão, por razões de controle fiscal.
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Tarot Jean-Pierre Payen
Avignon, 1713
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Tarot Jean Dodal
Lion, 1701-1715
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Tarot Jean Dodal
Restauração em 2002
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O gravador de tarôs de Jean Dodal e Jean-Pierre Payen não tem o mesmo nível de talento gráfico, nem o traço delicado como o de Nicolas Conver (1761, que gravou o modelo que mais tarde seria mundialmente conhecido como Tarot de Marselha), nem a mestria viril de Jean Noblet (Paris, 1650). Com ele, sem complicações: o gravador de Dodal é simples, certamente bem identificado ao meio popular, direto. Ele é pouco intelectualizado, pouco sofisticado. Com ele, nada de trapaças, de grafismos com duplo sentido. Ele havia certamente recebido sua arte como aprendiz de um mestre na profissão, com as histórias e as tradições que ainda restavam nesse final do século 16.
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O Dodal está datado de 1701-1715 e, o Payen, de 1713. O gravador dessas cartas, seguramente, havia sido instruído no sentido interior do tarô. Há um frescor, uma simplicidade, uma candura de traço, tocante, agradável.
Além disso, ele é reconhecido como sábio e assina seu “crisma” de mestre. Tais marcas eram usuais nas corporações de ofício desse tempo.
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Alguns detalhes significativos pertencem apenas a este tarô, enquanto outros são partilhados com os tarôs históricos.
A moça do XVII Le Toille (Estrela) está grávida; a chama de XVI La Maison Diev (Casa Deus) é ascendente; o anjo do VI L’Amoureux (Enamorados) traz os olhos vendados; XIV Temperance (Temperança) tem os seios nus; uma das crianças de XVIIII Le Soleil (O Sol) é cega; o XII Le Pandu (O Pendurado) e suas estranhas mãos…
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Estamos, no entanto, já no início do século 18 e mesmo que o XV Le Diable (Diabo) conserve seu tradicional segundo rosto sobre o ventre e dois olhos sobre os joelhos, o arcano XIII (Morte) não recebe mais o nome e Le Fol (Louco) está com as nádegas cobertas.
O segundo rosto sobre o ventre do Diabo me faz pensar no aprendizado do “sentido” da pedra em certas fraternidades de companheiros (corporações de ofícios). Se a pedra “atrai” o ventre, ela está num sentido; se ela “repousa”, está num outro sentido. Para as construções sagradas é necessário ter em conta esse sentidos. Esse segundo rosto me lembra sistematicamente esse método de “observar” a pedra.
Quanto aos olhos sobre os joelhos, é nos jesuítas que me fazem pensar. De fato, entre eles, os joelhos, em razão do sentido interior de ajoelhar-se em certas práticas, são designados “a pequena cabeça”.
Finalmente, quanto ao Mat (o arcano sem número, o “Louco”) na antiga língua bretã significava ditoso, afortunado..
Do mesmo autor: a restauração do tarô de Jean Noblet (Paris, c. 1650)
e o de Jean Dodal (Lion, c. 1701), os mais antigos tarôs conhecidos
no estilo do “de Marselha”, que a história nos conservou.
Para conhecer melhor o trabalho de Jean-Claude Flornoy, seus estudos,
criações e trabalhos de restauração de baralhos antigos, visite os sites:
www.tarot-history.com (inglês) ou www.letarot.com (francês)
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